Filiados a partidos políticos, alguns que foram candidatos, além de empresários e profissionais liberais estão entre os investigados na operação da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos no Ceará. A informação é do delegado regional de Polícia Judiciária Alan Robson Alexandrino, da PF, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 20. Os nomes dos alvos não foram informados.
A operação, batizada Impávido Colosso, trata do fechamento da rodovia BR-116 no Ceará por manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que questionavam o resultado da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e posteriormente se transferiu para as imediações da 10ª Região Militar, no Centro de Fortaleza. A manifestação da BR-116 ocorreu entre 31 de outubro e 2 de novembro de 2022, logo após o segundo turno das eleições. Os atos se transferiram dali em diante para a avenida Alberto Nepomuceno, no Centro, e ali permaneceu acampamento até o começo de janeiro de 2023.
Os alvos, conforme o delegado, foram pessoas que participaram de planejamento, organização e fornecimento dos insumos para os atos. Um dos mandados foi cumprido em Tauá.
"O foco da investigação não foi identificar o cidadão que estava lá protestando, indevidamente ou não, mas quem financiou os atos e liderou o movimento", disse o procurador da República Ricardo Magalhães de Mendonça, na mesma entrevista. O Ministério Público Federal e a Polícia Rodoviária Federal participam da operação.
"Estar ali presente pode não configurar crime, mas quem preparou o evento, pela magnitude do que foi, as concentrações que eram realmente centenas de pessoas. Quem liderava aquilo ali, quem financiava, quem fornecia meios de logística, subsistência, acampamentos, água, alimentação, caminhões, todo esse aparato que era fundamental para que os crimes fossem praticados", acrescentou o procurador.
São alvos da operação financiadores, quem forneceu estrutura, transportou manifestantes, forneceu caminhões para fechar a BR-116, quem colocou banheiros químicos perto da 10ª Região Militar, quem forneceu água e comida, entre outros insumos.
Foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão expedidos pela 12ª Vara da Justiça Federal. A maior parte, 21, foi cumprida em Fortaleza. Houve ainda três mandados em Maracanaú, um em Caucaia, um em Itaitinga, um em Pacajus, um em Brejo Santo, um em Tauá, além de dois em Imperatriz, no Maranhão, e um em Condor, no Rio Grande do Sul.
O delegado da PF detalhou que dentre os alvos da operação estão "quatro empresas e 26 residências de pessoas físicas". Segundo a PF, há "pessoas filiadas a partidos políticos, financiadores de campanhas e pessoas que já foram candidatas". No entanto, "não há atuais políticos (com mandato), militares ou servidores públicos entre os investigados" neste momento.
Sobre os ramos das empresas, Alexandrino detalhou que são "empresas de carro de som, que fornecem, empresa de caminhão, de queijo, alimentos, de água. São pessoas que efetivamente trabalharam nos fornecimentos desses bens" aos atos registrados naquele período.
Material apreendido
Foram apreendidos materiais de informática, aparelhos celulares, computadores. "E documentos que confirmam, efetivamente, uma organização, uma contabilidade, um financiamento", detalhou o delegado Alexandrino.
Foram encontrados registros indicando quem daria dinheiro para transporte, para banheiros, para pagar pizzas, entre outras despesas. Foram encontrados também cartazes, conforme o delegado, "incitando contra o Estado democrático de direito" e com "indício de associação criminosa, as pessoas se unirem para cometimento de crimes".
Armas e prisão
Foram apreendidas duas armas. Em Imperatriz, houve prisão em flagrante por a pessoa estar com espingarda sem qualquer registro. Em Fortaleza, foi apreendido revólver com registro vencido.
A operação Impávido Colosso é desdobramento do braço cearense da operação permanente Lesa Pátria, realizada em todo o País. Não são investigados na operação no Ceará fatos relacionados aos ataques de 8 de janeiro em Brasília. Esse caso tramita em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Caso seja identificado algum indício relevante sobre o 8 de janeiro, será remetido ao inquérito perante o STF.
Os fatos investigados na operação se referem a atos golpistas anteriores a 8 de janeiro, na BR-116 no Ceará e no Centro de Fortaleza.
Os crimes investigados têm penas de até três anos de reclusão. O mais grave é de abolição violenta do Estado democrático de direito, mas há também associação criminosa e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais. Podem ser descobertos outros crimes a partir do material apreendido.
Participam da operação 140 policiais. Eles estavam na sede da Polícia Federal em Fortaleza, e em outros estados, às 4 horas da manhã, e às 6 horas na residência dos investigados.
Fonte: O Povo
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