segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Três municípios do Ceará há mais de dois anos não registram mortes violentas

 

Morar em uma cidade onde durante 730 dias não houve registro de morte violenta. A realidade de quem reside em Antonina do Norte, Baixio e Granjeiro, todos municípios do Interior do Ceará, é marcada pela tranquilidade em decorrência da 'sensação de segurança’, oposta àquela dos que estão nas metrópoles.

Em 2021 e 2022, não aconteceram Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, nessas três cidades. A lista aumenta quando analisado apenas o ano passado. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em 2022 foram 10 municípios cearenses que não registraram nenhum CVLI.

10 CIDADES SEM CVLIs em 2022
Todos os municípios estão no Interior do Estado do Ceará

São: Ipu, Pacujá, Pires Ferreira, Guaramiranga, Ererê, Antonina do Norte, Baixio, Granjeiro, Santana do Cariri e Penaforte.

Em contrapartida, Fortaleza e Região Metropolitana somam quase 50% dos assassinatos contabilizados no Ceará, nos últimos anos. Os números refletem realidades opostas. Paira sob as cidades pacatas uma rotina que lembra a vivida no fim da década de 1980. Moradores da Capital e arredores têm o dia a dia envolto de crimes violentos atrelados a 'sede de vingança' devido à disputa entre facções rivais e o tráfico de drogas.

Das três cidades sem mortes nos últimos dois anos, a com mais habitantes é Antonina do Norte (com média de 7.300, segundo o IBGE). Antonina se tornou município em 1958, quando desmembrado de Aiuaba. Até hoje, no local persiste a religiosidade católica na cidade localizada na região Cariri Oeste, com ligação íntima à devoção de Santo Antônio.

Granjeiro pertence à Mesorregião do Sul Cearense, à Microrregião de Caririaçu e à Região Metropolitana do Cariri. Também já esteve na condição de distrito, antes de ser município. Lá, os moradores se consideram como "povo batalhador" e hospitaleiros, como citado no hino da cidade que tem como padroeira Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Baixio fica em outra região do Ceará, próximo à Lavras da Mangabeira, mesorregião do Centro-Sul. O nome vem devido aos acidentes geográficos nos arredores de 147 km², área total da cidade, equivalente a menos da metade do tamanho de Fortaleza.

Para o sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC, Luís Fábio Paiva, se destacam as relações sociais orientadas para uma boa convivência nessas cidades.

"É preciso considerar o contexto social e comunitário vivido pelas pessoas que residem nas 'cidades mais seguras’. É necessário ainda pensar nos contextos das regiões e saber como os moradores criaram ou não uma rede de proteção social, envolvendo políticas públicas das instâncias estaduais e municipais. Mais do que explicações sobre esse fenômeno, existem perguntas sobre essas realidades para saber como os moradores dessas cidades evitaram situações de violência, inclusive interpessoal, que causam homicídios em outras cidades com estruturas sociais semelhantes", disse o estudioso.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ressalta que o Ceará fechou o ano de 2022 com redução de 10% nos CVLIs, em comparação a 2021: "entre os territórios, a maior queda foi na Região Metropolitana da Capital, com -14,3%, com 778 CVLIs contra 908".

Fonte: Diário do Nordeste 

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