quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

1.200 toneladas de queijo clandestino entraram pelo Ceará, aponta denúncia

 

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, denunciou ontem a entrada de, pelo menos, 1.200 toneladas de queijo clandestino no mercado local, em reunião com representantes do setor de laticínios, supermercados, produtores rurais e do poder público, realizada na sede da entidade.

“São um milhão e duzentos mil quilos de queijo provenientes de outros estados que entraram clandestinamente no Ceará no ano passado. Boa parte desse produto não passa por qualquer tipo de inspeção. Então, são queijos irregulares com imposto sonegado em detrimento do produtor rural daqui que deixa de vender seus produtos para a indústria laticínia e para o comércio varejista”, criticou Silveira.

“Nós estamos passando por uma crise no setor leiteiro aqui muito grande. Hoje, temos 83 mil pessoas que sobrevivem na atividade leiteira no estado do Ceará e aí tem de competir com produtos, que, inclusive muitas vezes têm procedência duvidosa ou não são dignos de serem considerados queijos”, explicou o presidente da Faec. “Por isso, todos nos unimos para tentar barrar essa forma clandestina de produzir e vender derivados de laticínios”, ponderou.

No encontro, o presidente da Faec defendeu a necessidade de regularização de empresas que compõem a cadeia produtiva do leite também na esfera estadual. Nesse sentido, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Ceará (Sindlaticínios), José Antunes Mota, calcula que em torno de 1.500 queijarias cearenses precisam ser regularizadas. Para ele, um dos principais obstáculos está a burocracia.

“Essa burocracia na hora da regularização é terrível e isso se reflete no baixo interesse de se regularizar desses produtores. Se você verificar a quantidade de formalizações e de certificados que a gente deve ter, é muita coisa. A gente paga até pela água usada no poço que fura e instala. Então para convencer quem não está regularizado exige um trabalho cultural, de baixo para cima, com assistência técnica”, pontuou Mota.

Por sua vez, o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, afirma que uma das dificuldades para oferecer produtos regionais nesses estabelecimentos é justamente a falta de regularização. “Nós, que fazemos o varejo, queremos valorizar a indústria local e que esses produtos, realmente, estejam legalizados para que nossos clientes possam consumir com segurança”, ressalta.

“Nós somos fiscalizados constantemente quanto a produtos que a gente possa ter nas gôndolas e que não estejam legalizados. Então, nós queremos que os produtores se legalizem, o mais rapidamente possível”, acrescentou Pinheiro. Ele lembrou que os laticínios, de um modo geral, vinham de um ciclo de alta muito grande, mas disse acreditar que a queda registrada no preço do produto recentemente tende a se manter.

Na base dessa cadeia, o produtor Erismar Filho, que atua em Banabuiú, cita que “o custeio com relação à produção está elevado. Os insumos estão com preços muito altos e nós com a margem muito reduzida. O produtor acaba tendo que se segurar de outra forma ou captar recurso de terceiros, via financiamento, ou, às vezes, até dispor do próprio patrimônio para manter aquela esperança que vai melhorar”.

Fonte: O Povo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário