terça-feira, 13 de julho de 2021

Ceará lança plano para tornar-se autossuficiente em milho e sorgo

 

No mesmo instante em que, ontem, a representação cearense da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) emitia sinais dúbios sobre a oferta de milho para os pecuaristas e os avicultores do Estado, uma comitiva de agricultores, da qual faziam parte o presidente do BNB, Romildo Rolim, e o secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, reunia-se na Chapada do Araripe, após percorrer vastas áreas nas quais será implementado o programa Ceará Grãos.

O objetivo do programa, que será iniciado até o fim deste ano, é cultivar milho e sorgo, tornando o Ceará autossuficiente na produção desses insumos, essenciais para a avicultura e a pecuária cearenses.

Para isso, estão caminhando para a formalização de uma parceria o Governo do Estado, as federações da Agricultura (Faec) e da Indústria (Fiec), a Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a Embrapa, o Ministério da Agricultura e outras entidades que congregam agricultores, pecuaristas e agroindustriais.

Será um investimento conjunto. Por exemplo, os avicultores da Aceav garantirão, por contrato, a compra da produção de milho e sorgo; o governo do Estado fornecerá a assistência técnica; os produtores caririenses farão o cultivo, mas os que o rejeitarem poderão arrendar suas terras para que outros o façam.

Inicialmente, a área a ser plantada está estimada em 100 mil hectares, metade da qual será alcançada nos próximos dois anos, toda ela no platô da Chapada do Araripe, 850 metros acima do nível do mar, com temperatura que varia de 15 a 23 graus centígrados e com uma pluviometria anual que garante a produção em regime de sequeiro (com água da chuva).

Amílcar Silveira, presidente do Sindicato Rural de Quixadá e do Eproce (Encontro dos Produtores Rurais do Ceará), presente à reunião de ontem, disse à coluna que está muito entusiasmado com os objetivos do programa e, principalmente, com o apoio que o Governo do Estado vem emprestando à iniciativa, que, segundo ele, é essencial para o seu sucesso.

Silveira é otimista e não esconde sua expectativa: “Será o maior programa de produção de grãos que o Ceará já viu”, diz ele.

Representantes de empresas que produzem semente de milho resistente ao estrese hídrico participaram, igualmente, da reunião de ontem, o que também entusiasmou o secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, para quem “a soma dos esforços do governo e da iniciativa privada poderá, efetivamente, transformar o Ceará num grande produtor de grãos, livrando-nos da dependência que hoje temos de outras regiões”.

O programa começará nas próximas semanas com a implantação de áreas-piloto nas quais serão produzidos milho e soja.

Na Chapada do Araripe a média anual de chuva é de 1,2 mil milímetros, ou seja, água suficiente para qualquer projeto agrícola de sequeiro.

Fonte: Diário do Nordeste 

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